Ruínas da Fazenda São Bernardino-2013
A propriedade, um dos símbolos mais importantes do período vivido na região foi reconhecida primeiramente pelo prefeito Ricardo Xavier da Silveira ainda em 1940 como parte da identidade e da memória da região, este solicitou a preservação da fazenda através da carta enviada ao diretor do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Em 1951 a fazenda conquistou o título de patrimônio e o tombamento pelo SPHAN, sob o número de inscrição 390, do Processo 432-T, do Livro “Belas Artes”, às folhas 76, a propriedade então recebeu visita de historiadores e arquitetos que realizaram relatórios e levantamentos sobre o estado da fazenda.
Entre estes estão o relatório realizado pelos arquitetos Alex Nicolaeff e Fernando Abreu, do Instituto dos Arquitetos do Brasil:
“A fazenda compõe-se de uma Casa Grande construída sôbre um promontório
que domina a região e de uma senzala, em nível inferior e junto à estrada de
acesso que se extende (sic) até Tinguá. Na topografia local destaca‑se um
renque de palmeiras que marcava a ligação entre êste conjunto e a estação da
Estrada de Ferro.
Por tôda a parte sente‑se a decadência imposta pelo tempo e a falta de
cuidados. No solar, em particular esta constatação é mais flagrante dada a
riqueza anterior da qual só há vestígios. O casarão está perdido num imenso
matagal que cobre o antigo jardim e a escadaria externa que arrematava a aléa
de palmeiras imperiais com o platô elevado.
O rebôco externo apresenta falhas e remendos nas paredes, cornijas,
frisas e pilastras, da pintura amarelada só restam manchas.
A escada dupla da entrada principal mantém o gradil e a forma original
num estado razoável embora o pálio em fôlha de cobre e estrutura metálica
esteja a exigir reparos.
As janelas, com fôlhas divididas por um rico desenho na vidraçaria
colorida, conservam, na maioria, seu pleno funcionamento sendo muitos, porém,
os vidros quebrados
No beiral de telhas de louça azul muitas fôlhas e complementações
executadas de forma indevida alteram o aspecto original.
No telhado notam-se defeitos que resultam goteira, substituição de
grande área por telhas francesas e cumieiras e rincões com grotescos remendos
em parte cimentados.
Internamente a impressão de abandono se acentua com as goteiras
provocando a destruição praticamente irrecuperável de grandes trechos do fôrro
em fino trabalho de estuque estando igualmente em decomposição o madeiramento
do mesmo.
O lanternim da escada interna está parcialmente destruído assim como o
seu emolduramento interno de gêsso.
O piso em geral e a escada citada, executados em madeira, têm resistido
ao tempo.
A parte estrutural da cobertura é o ponto que apresenta os maiores
cuidados para a recuperação dessa obra, pois são inúmeras as peças totalmente
tomadas pelo cupim.
O casarão é habitado pelo proprietário, o idoso italiano Jácomo Gavazzi
que se queixa das coisas de um modo geral e do D.P.H.A.N. que não dá atenção à
sua propriedade.
Conta que em certa ocasião armou‑se de espingarda para enfrentar
tentativas de invasão nas recentes agitações na região de Tinguá.
O conjunto da antiga senzala sofreu uma decomposição equivalente, com
adaptações para habitação de alguns poucos empregados”.
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Olá, conheci a Fazenda na virada desde ano e muito me impressionou o estado devastador em que se encontra esse patrimônio da nossa História. Gostaria de saber se há algum projeto de revitalização ou mesmo mutirão de limpeza. Sou professora de História e Socoologia, sou servidora do Estado e gostaria muito de participar de qualquer iniciativa que vcs possam aventar com relação a esse ou outros casos em que pese a história da escravidão em nosso Estado.
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